O ensino de função polinomial de primeiro grau para alunos surdos: um olhar sobre o ensino médio integrado

A legislação brasileira assegura que os direitos das pessoas surdas sejam garantidos. Contudo, fornecer o direito à educação de qualidade a qualquer pessoa, representa algo muito mais complexo, em comparação, na realidade, ao que a lei preconiza. Incluir significa conviver, aprender, e oportunizar o acesso com respeito e autonomia. Construímos uma sequência didática inclusiva aos alunos surdos que cursam o Ensino Médio Integrado, com o enfoque no conceito matemático de função polinomial de primeiro grau. A presente pesquisa reflete sobre a figura do docente como elemento fundamental para que essa inclusão escolar, de fato, seja uma realidade, sobretudo no que tange a interação com o profissional tradutor e intérprete de Libras. Questionamos: como a orientação sobre recursos visuais pode ampliar a qualidade de ensino e aprendizagem de função polinomial de primeiro grau à alunos surdos do ensino médio? Para tanto, nosso objetivo geral visa contribuir com a acessibilidade do ensino de função polinomial de primeiro grau para alunos surdos do Ensino Médio Integrado por meio de um Guia de orientações aos professores de Matemática, sustentado por práticas inclusivas. A pesquisa operacionaliza-se a partir de uma investigação qualitativa, com revisão bibliográfica, realização de entrevistas semiestruturadas, preenchimento de formulário no Google Forms e construção de um material auxiliar. Investigamos sete docentes de Institutos Federais brasileiros que atuam com estudantes surdos. Como produto educacional elaboramos um Guia de Apoio aos professores de Matemática, com orientações que os auxiliem na criação e adaptação das atividades, considerando as especificidades das pessoas surdas, no que tange à exploração do canal viso-espacial nas aulas. Esse material passou pela validação de professores surdos que contribuíram, inclusive, com a abordagem de suas dificuldades no ensino de alunos surdos. Acreditamos que o trabalho favorece a inclusão dos alunos surdos e principalmente a formação dos professores que trabalham com esses alunos, que nem sempre encontram fontes na literatura para orientá-los a como lecionar para esses alunos na sala regular. Essa dissertação contribui com a garantia do acesso e, principalmente da adoção dessa perspectiva bilíngue na educação, com base no ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras) como a primeira língua e a língua portuguesa como a segunda língua das pessoas surdas, fomentando a criação de novos materiais voltados à comunidade surda, bem como, o reconhecimento de sua língua, identidade e cultura.